FESTIVAL INTERNACIONAL DE BONECOS

Estive hoje , domingo, no Festival Internacional de Bonecos que ocorreu no complexo cultural FUNARTE. Assisti , junto com minha filhinha Luísa, a peça "Suma daqui, menino!" da Cia Patética e Teatro de La Plaza. Em seguida demos uma volta nas barraquinhas e assistimos a um pedaço da peça do Mestre Gilberto Calungueiro, na tenda principal. O que percebi é que havia muitos estrangeiros e poucos nativos. Ao que parece o teatro de bonecos ainda não caiu no gosto popular. E olha que este evento já está no seu 5º ano aqui no DF.

Algumas imagens:
  

HOJE


Hoje acordei , acordei com vontade de não ser 
Queria que hoje não existisse, queria o vazio
queria o nada, queria o inaudito
queria o ocaso

Hoje , só hoje , acordei assim
sem querer me ver , sem querer ter a mim
não queria esse dia, mas ei-lo aí
nao queria o dia de hoje

Hoje me senti sem sentidos 
não escutei, não senti, não vi nada em mim
vi o mundo vasto e vazio
vi a multidão individual

Hoje, só hoje, eu desejei não ser eu
não ser ninguém, cegar o gigante
e passar invisível pela vida
pela multidão individual

Por Rsg

FLORBELA ESPANCA-ALMA PERDIDA- NA voz de Miguel Falabela.

Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!

Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente...
Talvez sejas a alma, a alma doente
Dalguém que quis amar e nunca amou!

Toda a noite choraste... e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!

Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh'alma
Que chorasse perdida em tua voz!...

OCASIÃO

Não é o fazer, não é o não fazer
É a circunstância motivadora
À ação ou  omissão
Do meu ver e não viver
Do meu ver e viver
Por que o viver de cada vivente
É aquilo que lhe basta


RSG


CONTARDO CALLIGARIS - Saques, arrastões e "ressentiment"

A turba que afugentou Luís 16 e Maria Antonieta de Versailles, em 1789, pedia pão porque estava com fome.
A turba de Londres em 2011 pedia bugiganga eletrônica e roupa de marca -artigos que, aos olhos de muitos, parecem não ser de primeira necessidade. Ou seja, aparentemente, a violência da turba de 1789 talvez fosse justificada, mas a de 2011 não é.
No domingo passado, na Folha, Eliane Trindade escreveu sobre meninas de rua que praticam arrastões em São Paulo. Elas procuram produtos para alisar o cabelo, celulares cor-de-rosa e lentes de contato verdes para mudar a cor dos olhos.
Alguém estranha que elas não prefiram uma comida boa ou uma roupa quente? Como disse uma menina, o que elas querem é ser bonitas (claro, nos moldes da cultura de massa). Será que, como a turba de Londres, elas seriam culpadas por não desejarem bens "de primeira necessidade"?
Não penso assim -e não é por indulgência com assaltos e arrastões. É porque, na nossa época, as "futilidades" são, no mínimo, tão relevantes e tão necessárias quanto era o pão em 1789. Explico.
Em 1789, as diferenças eram de casta. Salvo filósofos perdidos na turba, as pessoas reunidas no protesto queriam manifestar sua indignação e satisfazer sua fome, mas não pensavam em mudar a ordem social e subir na vida. Na época, aliás, ninguém subia para lugar nenhum, as pessoas ocupavam o lugar que lhes cabia por nascimento.
À força de indignação e raiva, as coisas foram longe, até que ruiu o próprio regime de castas. Desde então, o que confere status não é mais o berço (nobre ou não) no qual a cegonha nos depositou, mas fatores que não dependem só do acaso: trabalho, riqueza, estilo, virtudes morais, cultura etc.
"Quem somos" depende de como conduzimos nossa vida e (indissociavelmente) de como ela é avaliada pelos outros. Para obter o reconhecimento de nossos semelhantes (sem o qual não somos nada), os objetos que nos circundam ajudam mais do que a barriga cheia; eles têm uma função parecida com a dos paramentos das antigas castas: declaram e mostram nosso status -se somos antenados, pop, fashion, sem noção, ricos, pobres ou emergentes, cultos ou iletrados.
Podemos achar cafonas os objetos roubados pelas meninas e pelos saqueadores (o consumo de massa desvaloriza seu consumidor), mas o que importa é que eles roubaram objetos que lhes eram necessários para existir, para ser "alguém" no mundo. Isso não justifica nem saques nem arrastões; mas vale notar que, na nossa época, as futilidades são, no mínimo, tão relevantes e necessárias quanto era o pão para o pessoal de 1789.
Outro aspecto. Houve quem detestou os saqueadores londrinos por eles não estarem interessados em alterar a ordem social: roubaram para ter as mesmas coisas que a gente e, portanto, chegar exatamente ao lugar que nós ocupamos agora. Para usar uma expressão clássica em filosofia, os saqueadores seriam um caso de "ressentiment".
Nietzsche tomou o termo (e parte de seu sentido) de Kierkegaard. Modernizando, a ideia é a seguinte: "Não tive sorte ou, então, sou burro e preguiçoso, acho chato estudar e gosto de dormir. Sou invisível socialmente e invejo o bem-sucedido, que se pavoneia com seus objetos. Não quero me sentir culpado de minha condição; prefiro, portanto, acusar dela o bem-sucedido. Com isso, viverei minha mediocridade como se fosse o resultado da violência dos privilegiados, que gozam de tudo e não deixam nada para mim".
Enfim, para se consolar, o ressentido inventa uma moral (social ou religiosa) pela qual, no futuro, seu perseguidor será destronado pela revolta ou queimará nas chamas do Inferno.
Nos bares da "facu" de filosofia, nos anos 1970, colegas de direita acusavam a revolução proletária de ser apenas um projeto ressentido. Respondíamos que a revolução não era ressentida, porque ela não queria vingança, não queria substituir a burguesia, apropriando-se de seus brinquedos: seu intuito era inaugurar um mundo diferente, onde todos gozaríamos de novos prazeres.
Desse ponto de vista, os saqueadores de Londres, eles sim, seriam simplesmente uns ressentidos, não é?
Pode ser, mas, antes de responder, recomendo paciência: o que hoje parece apenas "ressentiment" pode ser a faísca de mudanças que nem suspeitamos. Afinal, o pessoal de 1789 só pedia pão, e olhe o que aconteceu...

ccalligari@uol.com.br

fonte: Conteúdo Livre

PSEUDOIMBECILIDADE E PSEUDOINTELIGENCIA


As crianças criam a "pseudoimbecilidade" como forma de se defenderem. Fazem-se passar por estúpidas quando  estão num contexto que não podem nem aceitar nem modificar. Leio  isto no livro A AMBIGUIDADE  de Simona Argentieri, que sairá brevemente no Brasil

         Serão só as crianças?

         Paro a leitura e   penso. O que isto teria a ver com o conceito de "servidão  voluntária" de que falava, há mil e  quinhentos anos, o filósofo Boethius  no decadente Império Romano? Tem gente que aceita silenciar-se, moldar-se, ser subalterno ou se comporta como os animais que se mimetizam com o ambiente para não serem notados. É' um tipo de esperteza, esperteza que consiste em parecer estúpido.

         Como variante disto, penso também na questão das pessoas  que se inserem numa ideologia que está na moda. É' uma maneira de se exibir usando uma carapaça charmosa. E isto me leva logo a uma outra categoria que poderíamos criar- a do "pseudointeligente". Uma pessoa pode, por exemplo, passar por " inteligente" nos meios acadêmicos e nos bares simplesmente recitando o receituário de uma certa filosofia ou de um autor que entrou na moda. Pode passar por alguém que está "por dentro" quando na verdade realmente ele está por dentro, ou seja,  é um parasita da ideologia dominante,

           Se o "pseudoimbecil" se retrai ocultando a sua verdadeira opinião, como casca, para se defender ( mecanismo que Winnicott estudou), o segundo avança criando uma máscara de falso ajustamento, e quando sozinho  não sabe  o que fazer da angústia e da insatisfação que esse comportamento deixa residualmente.

         Os regimes autoritários, as inquisicões, as patrulhas ideológicas obrigam o indivíduo a esconder sua verdadeira opinião. Realmente é um risco desafinar no "coro dos contentes". Alguns perdem a cabeça, o emprego, o espaço nos jornais.

         A  "pseudointeligência"  que é uma maneira sábia de ser covarde, nos leva a consumir o que está na ordem do dia,  seja a moda, a roupa, a música, a arte e até a  comida. Os argumentos usados, já que  são gerados por um "falso ego" -o da máscara, repetem a vulgata, o discurso alheio. Poder-se-ia dizer que neste caso, são pessoas que não têm  "redação própria"  ou "autonomia de vôo" .

         A coisa é tão complexa e sutil e, às vezes, tão paradoxal  que a cultura contemporânea tem incentivado a "pseudointeligencia"  de formas novas. A ascensão das nulidades, o culto ao mercado, a necessidade de seduzir as classes C, D e E  estão embaralhando não só sujeitos e objetos, mas sobretudo os conceitos.


24.08.2011-Estado de Minas/Correio Braziliense
fonte: http://www.affonsoromano.com.br/blog/

ANA MOURA- VOU DAR DE BEBER Á DOR-

FADO

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