O PREÇO DA FLOR- MALLU MAGALHÃES.




Qual preço dessa flor
Que vem de um lote enumerado
Fabricação no estado do Rio
E tem
Alfinete tão fechado
Tão desacostumado com o frio

Mas encondo o desejo
Escolho no bairro
Um lugar de esconder
E vai
Mais um quase beijo
Porque só a noite cobre
Os defeitos do ser

Qual preço dessa flor?
Que vai entre os tantos fios
De cabelo nos vazios de cor
E cai se o vento sopra a prova
Que a boca seca tem seu sabor

Mas encolho os dedos
E aperto nos olhos
O medo do fugir

E vai
Mais um quase toque
Na pele que arde
De tanto fingir

Qual preço dessa flor?
Que cai do lote enumerado
Sem fabricação ou estado de Rio
E tem
Alfinete tão fechado
Tão desacostumado com o frio

Mas encolho os dedos
E aperto em olhos
O medo de fugir

E vai
Mais um quase toque
Da boca que arde
De tanto fingir

Sem traços estereotipados, o sotaque do brasiliense começa a ser desenhado

Embora a sensação seja de que não é possível identificar instantaneamente a característica do falar do brasiliense, quem vive em Brasília já começa a desenhar uma pronúncia diferenciada. Com tanto sotaque misturado, de norte a sul do país, a solução foi procurar um denominador comum. Mesmo quem veio para a capital federal adulto não fala mais como os conterrâneos, e quem nasceu em Brasília tende a não puxar nenhuma marca regional saliente, como o R acentuado do interior do Brasil ou o S chiado do carioca. “Eu sou mineiro e tenho vizinho do Maranhão, do Piauí. Quando vejo, estou falando meio misturado”, disse o corretor Fabrício Afonso de Lima, 23 anos, que mora em Brasília desde os seis.
A falta de uma marca “estereotipada” pode ser o nascimento de um falar tipicamente candango, destaca Stella Maris Bortoni-Ricardo, professora da Universidade de Brasília e uma das autoras do livro O falar candango. Para ela, os diferentes sotaques se ajustam no intuito de facilitar a comunicação. “O contato de culturas diferentes favorece a perda das peculiaridades mais típicas. No fim, o falar de Brasília fica como o da mídia”, afirma. Foi o que ocorreu com a bioquímica paraibana Ticiane Raquel Costa Guerra, 41 anos. Nos 14 anos de Brasília, ela perdeu as contas das vezes em que precisou repetir seu nome até as pessoas compreenderem o que dizia. Para evitar esse tipo de situação, preferiu suavizar o sotaque paraibano. “Me chamavam de Viviane, Cristiane, mas Ticiane, nunca. Agora, mudo a pronúncia do T para me compreenderem.” Hoje, seu filho, nascido na capital, já não fala mais como ela. “Ele me chama de mãe, e não de mainha.”

Além de amenizar as pronúncias regionais, o estilo candango de falar tem gírias próprias, como “véi”, também utilizada em outras regiões. “Se eu estiver em outro lugar do Brasil, só vou saber se a pessoa é ou não brasiliense se ela soltar uma gíria”, constata o brasiliense João Gabriel Lemos Rios, 23 anos. Outra característica da pronúncia candanga que chamou a atenção da goiana Thais Fernandes, 31, há um mês em Brasília, foi a tradição de cortar as palavras — como “churras” e “cerva” — e, ao mesmo tempo, falar a frase completa e muito correta . “Em Minas e em Goiás, a gente soma tudo e vai atropelando a frase”, afirma.
A sentença completa e correta observada pela bioquímica e as gírias ligadas a fatos da cidade e às línguas estrangeiras constituem a tendência local de buscar a urbanidade como referência da fala. A professora Stella explica que o ar cosmopolita da fala do brasiliense se dá por dois motivos. O primeiro é porque Brasília não aceita ser uma cidade ligada às raízes rurais: “Brasília sempre rejeitou ser capital interiorana. Na época da fundação, a imprensa do Rio dizia que aqui era terra de índio, tinha muita cobra, e Brasília seria uma capital do interior, de caipiras”. O outro fator é o alto poder aquisitivo da população, o que garante a frequência de acesso a viagens dentro do Brasil e ao exterior, onde se convive com diferentes pronúncias.
Adaptações
A professora destaca também que, apesar da diversidade, alguns sotaques não são bem recebidos em Brasília e, de maneira involuntária, os falantes os vão deixando de lado. A recifense Kilma Anne Lima dos Santos, 31 anos, está há nove meses na cidade e conta que demorou a conseguir emprego por causa do sotaque. “Eu passava em todas as etapas, mas, chegava à entrevista, era desclassificada. Cheguei a ficar treinando com meu marido algumas frases”, conta a secretária. A fonoaudióloga Jane Kátia Quintanilha diz que recebe em seu consultório pacientes interessados em diminuir o sotaque, de olho no preconceito e na vida profissional. “O sotaque do adulto é difícil de tirar. Tive uma paciente de Goiás que queria amenizar o R para facilitar a sociabilização”, contou.

Toda linguagem muda de acordo com a posição social e geográfica, mas, no caso de Brasília, essa diferença se torna mais evidente porque cada região foi habitada por grupos diferentes do Brasil. De acordo com o estudo da professora Ana Vellasco publicado no livro O falar candango, os jovens de Ceilândia, por exemplo, falam diferente dos do Plano.
Assim como Brasília, capitais como Belo Horizonte e Goiânia também foram planejadas, e as populações surgiram a partir da chegada de migrantes. Porém, eles vinham das proximidades e com pronúncias parecidas, o que facilitou a formação de um falar comum. Em Brasília, a diversidade de sotaques e o fluxo migratório ainda intenso impedem que, de imediato, nasça um sotaque característico. “Aqui é gente do país todo, o contato é mais variado, de lugares distantes”, explica a professora Stella.
Além da variedade de sotaques, os 51 anos de Brasília a colocam como uma cidade jovem. Um sotaque se forma ao longo de várias gerações. No Brasil, os sotaques mais consolidados são os que marcam as cidades fundadas no período colonial, algumas com mais de 400 anos.
Variantes regionais
O sotaque é a maneira como uma pessoa pronuncia determinados fonemas em um idioma ou grupo de palavras. É a variante própria de uma região, classe ou grupo social, etnia, sexo, idade ou indivíduo, em qualquer grupo linguístico, e pode-se caraterizar por alterações de ritmo, entonação, ênfase ou distinção fonética.

Linguagem brasileira
O movimento de fusão de sotaques na construção de uma nova pronúncia, como em Brasília, também ocorreu em outros lugares e idiomas. Após a Segunda Guerra Mundial, as populações alemãs do leste comunista do país que imigraram para o oeste capitalista foram abandonando, aos poucos, os dialetos regionais. Mesmo os moradores nascidos na parte oeste adotaram uma norma coloquial mais neutra e acessível aos recém-chegados. Da mistura, surgiu uma variedade padronizada de falas, em que as tendências regionais se nivelaram e se tornaram diferentes da língua falada pelos moradores da parte oeste da Alemanha. Algo semelhante ocorreu no sul de Portugal no século 15, quando os mouros foram expulsos do território português. Os que tinham se refugiado no norte do país desceram para o sul, o que determinou a criação de um falar bem menos marcado do que o do norte de Portugal.

Onde anda você.-Vinícius de Moraes.



E por falar em saudade onde anda você
Onde andam seus olhos que a gente não vê
Onde anda esse corpo
Que me deixou louco de tanto prazer
E por falar em beleza onde anda a canção
Que se ouvia na noite dos bares de então
Onde a gente ficava,onde a gente se amava
Em total solidão
Hoje eu saio na noite vazia
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares,que apesar dos pesares,
Me trazem você
E por falar em paixão, em razão de viver,
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Onde anda você?

Composição : Toquinho / Vinicius de Moraes / Hermano Silva

"OS LIVRO MAIS INTERESSANTE ESTÃO EMPRESTADO."

Os livro mais interessante estão emprestado A menção a leituras informa que a frase reproduzida no título do post não foi pinçada de alguma discurseira de Lula. Mas os autores do livro didático “Por uma vida melhor”, chancelado pelo MEC, decerto se inspiraram na oratória indigente do Exterminador do Plural para a escolha de exemplos que ajudem a ensinar aos alunos do curso fundamental que o s no fim das palavras é tão dispensável quanto um apêndice supurado. O certo é falar errado, sustenta o papelório inverossímil. A lição que convida ao extermínio da sinuosa consoante é um dos muitos momentos cafajestes dessa abjeta louvação da “norma popular da língua portuguesa”. Não é preciso aplicar a norma culta a concordâncias, aprendem os estudantes, porque “o fato de haver a palavra os (plural) já indica que se trata de mais de um livro”. Assim, continuam os exemplos, merece nota 10 quem achar que “nós pega o peixe”. E só podem espantar-se com um medonho “Os menino pega o peixe” os elitistas incorrigíveis. “Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever tomando as regras estabelecidas para norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas”, lamenta um trecho da obra. Por isso, o estudante que fala errado com bastante fluência “corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico”. A isso foram reduzidos pelo Brasil de Lula e Dilma os professores que efetivamente educam: não passam de “preconceituosos linguísticos”. “Não queremos ensinar errado, mas deixar claro que cada linguagem é adequada para uma situação”, alega Heloísa Ramos, uma das autoras da afronta. Em nota oficial, o MEC assumiu sem rubores a condição de cúmplice. “O papel da escola”, avisam os acólitos de Fernando Haddad, ” não é só o de ensinar a forma culta da língua, mas também o de combater o preconceito contra os alunos que falam linguagem popular”. A professora Heloísa sentiu-se ofendida com a perplexidade provocada pelo assassinato a sangue frio da gramática, da ortografia e da lucidez. “Não há irresponsabilidade de nossa parte”, garantiu. Há muito mais que isso. Há um crime hediondo contra a educação que merece tal nome, consumado com requintes de cinismo e arrogância. O Brasil vem afundando há oito anos num oceano de estupidez. Mas é a primeira vez que o governo se atreve a usar uma obra supostamente didática para difundi-la. Poucas manifestações de elitismo são tão perversas quanto conceder aos brasileiros desvalidos o direito de nada aprender até a morte, advertiu o post reproduzido na seção Vale Reprise. As lições de idiotia endossadas pelo MEC prorrogaram o prazo de validade do título: a celebração da ignorância é um insulto aos pobres que estudam. A Era da Mediocridade já foi longe demais.


COMENTO 
Até entendendo que devemos respeitar a diversidade linguistica, respeitar o falante por sua condição social e cultural, mas daí querer sacrificar a língua e a norma culta é um absurdo!!
 

A CIDADE IDEAL- CHICO BUARQUE

CACHORRO
A cidade ideal dum cachorro
Tem um poste por metro quadrado
Não tem carro, não corro, não morro
E também nunca fico apertado

GALINHA
A cidade ideal da galinha
Tem as ruas cheias de minhoca
A barriga fica tão quentinha
Que transforma o milho em pipoca

CRIANÇAS
Atenção porque nesta cidade
Corre-se a toda velocidade
E atenção que o negócio está perto
Restaurante assando galeto

TODOS
Mas não, mas não
O sonho é meu e eu sonho que
Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
Fossem somente crianças

Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
E os pintores e os vendedores
Fossem somente crianças

GATA
A cidade ideal de uma gata
É um prato de tripa fresquinha
Tem sardinha num bonde de lata
Tem alcatra no final da linha

JUMENTO
Jumento é velho, velho e sabido
E por isso já está prevenido
A cidade é uma estranha senhora
Que hoje sorri e amanhã te devora

CRIANÇAS
Atenção que o jumento é sabido
É melhor ficar bem prevenido
E olha, gata, que a tua pelica
Vai virar uma bela cuíca

TODOS
Mas não, mas não
O sonho é meu e eu sonho que
Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
Fossem somente crianças

Deve ter alamedas verdes
A cidade dos meus amores
E, quem dera, os moradores
E o prefeito e os varredores
E os pintores e os vendedores
As senhoras e os senhores
E os guardas e os inspetores
Fossem somente crianças

HOJE É DOMINGO

Hoje é domingo
Pé de cachimbo
O cachimbo é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Bate na gente
A gente é fraco
Cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo!
Variação:
Hoje é domingo
Pede cachimbo
O cachimbo é de barro
Bate no jarro
O jarro é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Bate na gente
A gente é fraco
Cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo

REVISÃO TEXTUAL E ORIENTAÇÃO METODOLÓGICA

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