O LEGADO DE ESTER


O LEGADO DE ESTER

Estivemos, eu e minha esposa, no teatro Eva Herz, no fim de semana passado (06/04),  ali no shopping Iguatemi (Lago Norte-DF). A peça que nos instigou o interesse foi “O Legado de Ester”, baseado na obra homônima de Sándor Márai, considerado o ícone da literatura húngara.
O foco da trama é o retorno de Lajos (leia-se Laios) à residência, ou lar, de sua antiga “amante”, após uma ausência de 20 anos. Aqui usei a expressão “amante”, pois, na verdade, Ester era sua cunhada com quem teve um caso amoroso, após a morte da única irmã dela. Deve-se ressaltar que havia uma relação conflituosa entre as duas, o que talvez favoreceu a aproximação entre o casal de personagens que são o foco da trama. 
Faz parte do triunvirato, além dos dois personagens citados, Nunu, uma agregada da família.
As relações interpessoais são postas à prova nos diálogos entre Nunu e Ester,  revelando pouco a pouco, como os diversos novelos espalhados em cena, o caráter de Lajos. Ao mesmo tempo em que se apresenta ao público um homem simpático, extrovertido e aventureiro, do lado oposto desta linha aparece um farsante, malandro, egoísta e capaz de ações sórdidas como, por exemplo, vender o único bem valioso de família, um anel com uma pedra preciosa, e substituí-lo por semelhante, sem valor, revelado por Nunu logo antes da chegada do regressante. 
Lajos não chega sem aviso, envia um telegrama. Inclusive é fornecido ao público na entrada do teatro uma modelo muito bem elaborado, o que nos deixou  “ansiosos” com o que viria. O texto do telegrama é sucinto:
“Chegaremos de Carro no final da manhã
Seremos cinco
Ficaremos até à noite
Lajos”

Ele chega. Na encenação, o barulho de seus passos antecede sua entrada.
Assim, a leitura que faço é de que Lajos nunca “saiu” daquela casa. Para ele, “o mundo é um palco”, e a casa de Ester o palco principal. “Bom de conversa”, mas pondo em as discussões éticas submissas ao seu interesse, pois, em suas palavras “o homem nasce sem ética”.
No diálogo principal, entre Ester e Lajos, segue a cadência de fatos rememorados, ponderando versões, as tragédias pessoais, que parecem ser somente de Ester, e, talvez de muitos expectadores que ali se encontravam.
O final me surpreendeu, mas não vou contá-lo. Fica aqui a frase bem emblemática, de Lajos Claro, “o bom de conversa, o bom escritor”,  que define bem o que motivou a decisão de Ester: “É preciso embelezar a vida”.
A desenvoltura dos atores Chico Sant’Anna, Ana Flávia e Nara Faria no palco demonstra o viés de distanciamento das personagens um em relação ao outro. Em um único momento o personagem de Chico Sant’ Anna se aproxima de Ester, quando ela está em frente ao espelho, mas apenas momentaneamente, tal qual seu retorno, que se inicia no final da manhã, e conclui-se à noite.
Quanto à cenografia, esta foi bem sugestiva, como é de se esperar em uma peça teatral, os novelos e diversos aros (suportes que também chamado por alguns de "bastidores", bem sugestivo) compõem a cena. 

No mais, fica dica de leitura e de peça teatral.
Por Roner S Gama
email : ronergama@gmail.com
Contato: 61 996556072

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