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HOJE

Hoje acordei , acordei com vontade de não ser  Queria que hoje não existisse, queria o vazio queria o nada, queria o inaudito queria o ocaso Hoje , só hoje , acordei assim sem querer me ver , sem querer ter a mim não queria esse dia, mas ei-lo aí nao queria o dia de hoje Hoje me senti sem sentidos  não escutei, não senti, não vi nada em mim vi o mundo vasto e vazio vi a multidão individual Hoje, só hoje, eu desejei não ser eu não ser ninguém, cegar o gigante e passar invisível pela vida pela multidão individual Por Rsg

FLORBELA ESPANCA-ALMA PERDIDA- NA voz de Miguel Falabela.

Toda esta noite o rouxinol chorou, Gemeu, rezou, gritou perdidamente! Alma de rouxinol, alma da gente, Tu és, talvez, alguém que se finou! Tu és, talvez, um sonho que passou, Que se fundiu na Dor, suavemente... Talvez sejas a alma, a alma doente Dalguém que quis amar e nunca amou! Toda a noite choraste... e eu chorei Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei Que ninguém é mais triste do que nós! Contaste tanta coisa à noite calma, Que eu pensei que tu eras a minh'alma Que chorasse perdida em tua voz!...

OCASIÃO

Não é o fazer, não é o não fazer É a circunstância motivadora À ação ou  omissão Do meu ver e não viver Do meu ver e viver Por que o viver de cada vivente É aquilo que lhe basta RSG

CONTARDO CALLIGARIS - Saques, arrastões e "ressentiment"

A turba que afugentou Luís 16 e Maria Antonieta de Versailles, em 1789, pedia pão porque estava com fome. A turba de Londres em 2011 pedia bugiganga eletrônica e roupa de marca -artigos que, aos olhos de muitos, parecem não ser de primeira necessidade. Ou seja, aparentemente, a violência da turba de 1789 talvez fosse justificada, mas a de 2011 não é. No domingo passado, na Folha , Eliane Trindade escreveu sobre meninas de rua que praticam arrastões em São Paulo. Elas procuram produtos para alisar o cabelo, celulares cor-de-rosa e lentes de contato verdes para mudar a cor dos olhos. Alguém estranha que elas não prefiram uma comida boa ou uma roupa quente? Como disse uma menina, o que elas querem é ser bonitas (claro, nos moldes da cultura de massa). Será que, como a turba de Londres, elas seriam culpadas por não desejarem bens "de primeira necessidade"? Não penso assim -e não é por indulgência com assaltos e arrastões. É porque, na nossa época, as ...

PSEUDOIMBECILIDADE E PSEUDOINTELIGENCIA

As crianças criam a "pseudoimbecilidade" como forma de se defenderem. Fazem-se passar por estúpidas quando    estão num contexto que não podem nem aceitar nem modificar. Leio    isto no livro A AMBIGUIDADE    de Simona Argentieri, que sairá brevemente no Brasil           Serão só as crianças?           Paro a leitura e     penso. O que isto teria a ver com o conceito de "servidão    voluntária" de que falava, há mil e    quinhentos anos,   o filósofo Boethius    no decadente Império Romano? Tem gente que aceita silenciar-se, moldar-se, ser subalterno ou se comporta como os animais que se mimetizam com o ambiente para não serem notados. É' um tipo de esperteza, esperteza que consiste em parecer estúpido.           Como variante disto, penso também na questão das pess...

ANA MOURA- VOU DAR DE BEBER Á DOR-

FADO

CONTARDO CALLIGARIS - É fácil desistir de nossos sonhos

GIL PENDER, o protagonista do último filme de Woody Allen, "Meia-Noite em Paris", quer deixar de escrever roteiros de sucesso (que ele mesmo acha medíocres) para se dedicar a coisas "mais sérias" e menos lucrativas: um romance, por exemplo. Ele acumulou dinheiro suficiente para tentar essa aventura por um tempo, em Paris, como um escritor americano dos anos 1920. Infelizmente, Pender está prestes a se casar com uma noiva que aprecia muito seu sucesso atual, mas não tem gosto algum pela incerteza (financeira) de seu sonho. Tudo indica que ele se dobrará às expectativas da noiva, dos futuros sogros e do mundo, renunciando a seu desejo. Talvez seja por causa dessa renúncia, aliás, que noiva e sogros o desprezam (todo o mundo acaba desprezando o desejo de quem despreza seu próprio desejo) . Mas eis que, na noite parisiense, alguns fantasmas do passado levam Pender para a época na qual poderia viver uma vida diferente e mais intensa -a época na qual seria capaz de faze...