O mundo não está parado nem andando devagar, como faz o Brasil. A maioria dos países já saiu, faz tempo, da crise que abalou a economia mundial a partir de 2008. E nós, só em 2017, conseguimos modesto crescimento de 1%, rompendo com uma recessão de dois anos seguidos. Perdemos muita energia discutindo se a roda deve ser redonda ou se vale a pena insistir na quadratura do círculo.
Temos velhos problemas a ser enfrentados e o atraso do Brasil em relação ao mundo desenvolvido só fez se agravar nos últimos anos. Em vez de insistir em soluções paliativas que rendem votos, é hora de descartar a demagogia e encarar com seriedade tudo o que tem nos impedido de ocupar o lugar que merecemos no mundo.
Esse é um lugar onde a pobreza é exceção e não regra, onde há estímulo para que se busque o conhecimento que torna o trabalho mais eficaz e a economia mais competitiva. Onde ninguém se orgulha de ser ignorante e se constata que país justo é também aquele em que vale a pena ser honesto.
Não será desafio pequeno para o Brasil ir além de uma recuperação modesta da economia. Na atual retomada dos negócios, as empresas mais importantes do mundo saíram da crise muito melhor do que entraram. Estão mais enxutas e, principalmente, mais equipadas tecnologicamente. O mundo vive uma nova revolução industrial em que máquinas trocam informação com outras máquinas e alcançam produtividade nunca vista, com um mínimo de perda de tempo e de insumos.
Temos velhos problemas a ser enfrentados e o atraso do Brasil em relação ao mundo desenvolvido só fez se agravar nos últimos anos. Em vez de insistir em soluções paliativas que rendem votos, é hora de descartar a demagogia e encarar com seriedade tudo o que tem nos impedido de ocupar o lugar que merecemos no mundo.
Esse é um lugar onde a pobreza é exceção e não regra, onde há estímulo para que se busque o conhecimento que torna o trabalho mais eficaz e a economia mais competitiva. Onde ninguém se orgulha de ser ignorante e se constata que país justo é também aquele em que vale a pena ser honesto.
Não será desafio pequeno para o Brasil ir além de uma recuperação modesta da economia. Na atual retomada dos negócios, as empresas mais importantes do mundo saíram da crise muito melhor do que entraram. Estão mais enxutas e, principalmente, mais equipadas tecnologicamente. O mundo vive uma nova revolução industrial em que máquinas trocam informação com outras máquinas e alcançam produtividade nunca vista, com um mínimo de perda de tempo e de insumos.
Competição fica mais difícilOu seja, a automação e a digitalização elevaram o nível da competitividade global e é isso que vamos enfrentar se quisermos ter crescimento econômico capaz de, nos próximos anos, criar condições de eliminar a pobreza e reduzir a desigualdade social. É, portanto, inescapável preparar nossa juventude para esse mundo novo. Não podemos mais nos dar o luxo criminoso de continuar atirando ao desalento e ao subemprego a maior parte do nosso ativo mais precioso: as crianças e a porção jovem de nossa população.
“O sapo não pula por boniteza, mas por precisão”, nos ensinou Guimarães Rosa. Então, se não for por sabedoria, que seja por necessidade: é hora de parar de mentir que temos dado prioridade à educação. Ou não sabemos o que é prioridade, ou desconhecemos o que seja educação. Chega de enganação. Estatísticas de aumento de matrículas em qualquer nível é coisa fácil de produzir e de cantar em comícios. Mas educação é muito mais do que isso e, hoje, a baixa qualidade do que temos oferecido nas escolas se reflete no mau desempenho de nossas crianças em testes internacionais e no desinteresse de nossos jovens, campeões em evasão escolar.
Recente estudo realizado por especialistas da ONG Todos pela Educação concluiu que 55% das crianças brasileiras chegam praticamente analfabetas ao terceiro ano do ensino fundamental (oito anos de idade). E somente 65% vão concluir o ensino médio, assim mesmo, com baixa aprendizagem em matemática e português. A maioria (mais de 90%) não ingressará no ensino superior.
Não menos chocantes foram as conclusões de um longo estudo sobre a educação no Brasil, divulgado nas últimas duas semanas pelo Banco Mundial. Com base em dados do teste internacional Pisa dos últimos anos, especialistas daquele organismo multilateral concluíram que a qualidade do nosso ensino fundamental é tão baixa que o Brasil vai demorar 260 anos para atingir o nível educacional dos países desenvolvidos em leitura e 75 anos em matemática. Ou seja, a maioria dos nossos meninos e meninas de 15 anos não consegue entender o que lê e não sabe fazer contas.
Se não bastasse esse vexame, o Banco Mundial também apontou a existência de uma grave crise na preparação de nossos jovens de 19 a 25 anos (cerca de 25 milhões de pessoas). Mais da metade deles (52%) está fora da escola ou cursa série que deveria ter cursado dois ou três anos antes. É alto, entre eles, o número de jovens que se desinteressaram pela escola, por julgarem que os cursos não lhes acrescentavam conhecimento relacionado ao mercado de trabalho. A urgência em obter renda acabou prevalecendo sobre a qualificação para uma posição melhor no futuro. O resultado é que a maioria que parou de estudar não consegue ir além do subemprego.
Futuro em riscoA verdade é, portanto, que nunca entendemos que educação é parte fundamental da infraestrutura econômica de um país. Se antes era inconveniente esse descaso com a educação, agora se trata de colocar em risco nosso futuro, seja pelo tamanho de nosso atraso, seja pelo estágio de sofisticação da economia mundial. Hoje, mercado e produtividade são palavras chaves que a nova escola não pode mais perder de vista. O preconceito e um antiquado viés político que rejeitam esses conceitos têm deixado o Brasil em descompasso com o resto do mundo. Agora, ou preparamos nossos jovens para os novos padrões mundiais de competitividade ou teremos de nos conformar com o subdesenvolvimento de um pobre país exportador de produtos primários de baixo valor.
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Fonte: Correio Braziliense, 13 de março de 2018, caderno Brasil, p.5. Por Pedro Lobato, jornalista.
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