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CONTARDO CALLIGARIS - Saques, arrastões e "ressentiment"

A turba que afugentou Luís 16 e Maria Antonieta de Versailles, em 1789, pedia pão porque estava com fome. A turba de Londres em 2011 pedia bugiganga eletrônica e roupa de marca -artigos que, aos olhos de muitos, parecem não ser de primeira necessidade. Ou seja, aparentemente, a violência da turba de 1789 talvez fosse justificada, mas a de 2011 não é. No domingo passado, na Folha , Eliane Trindade escreveu sobre meninas de rua que praticam arrastões em São Paulo. Elas procuram produtos para alisar o cabelo, celulares cor-de-rosa e lentes de contato verdes para mudar a cor dos olhos. Alguém estranha que elas não prefiram uma comida boa ou uma roupa quente? Como disse uma menina, o que elas querem é ser bonitas (claro, nos moldes da cultura de massa). Será que, como a turba de Londres, elas seriam culpadas por não desejarem bens "de primeira necessidade"? Não penso assim -e não é por indulgência com assaltos e arrastões. É porque, na nossa época, as ...

PSEUDOIMBECILIDADE E PSEUDOINTELIGENCIA

As crianças criam a "pseudoimbecilidade" como forma de se defenderem. Fazem-se passar por estúpidas quando    estão num contexto que não podem nem aceitar nem modificar. Leio    isto no livro A AMBIGUIDADE    de Simona Argentieri, que sairá brevemente no Brasil           Serão só as crianças?           Paro a leitura e     penso. O que isto teria a ver com o conceito de "servidão    voluntária" de que falava, há mil e    quinhentos anos,   o filósofo Boethius    no decadente Império Romano? Tem gente que aceita silenciar-se, moldar-se, ser subalterno ou se comporta como os animais que se mimetizam com o ambiente para não serem notados. É' um tipo de esperteza, esperteza que consiste em parecer estúpido.           Como variante disto, penso também na questão das pess...

ANA MOURA- VOU DAR DE BEBER Á DOR-

FADO

CONTARDO CALLIGARIS - É fácil desistir de nossos sonhos

GIL PENDER, o protagonista do último filme de Woody Allen, "Meia-Noite em Paris", quer deixar de escrever roteiros de sucesso (que ele mesmo acha medíocres) para se dedicar a coisas "mais sérias" e menos lucrativas: um romance, por exemplo. Ele acumulou dinheiro suficiente para tentar essa aventura por um tempo, em Paris, como um escritor americano dos anos 1920. Infelizmente, Pender está prestes a se casar com uma noiva que aprecia muito seu sucesso atual, mas não tem gosto algum pela incerteza (financeira) de seu sonho. Tudo indica que ele se dobrará às expectativas da noiva, dos futuros sogros e do mundo, renunciando a seu desejo. Talvez seja por causa dessa renúncia, aliás, que noiva e sogros o desprezam (todo o mundo acaba desprezando o desejo de quem despreza seu próprio desejo) . Mas eis que, na noite parisiense, alguns fantasmas do passado levam Pender para a época na qual poderia viver uma vida diferente e mais intensa -a época na qual seria capaz de faze...

Rios sem discurso - Análise Semiótica

Rios sem discurso Quando um rio corta, corta-se de vez o discurso-rio de água que ele fazia; cortado, a água se quebra em pedaços,   e m poços de água, em água paralítica. Em situação de poço, a água equivale a uma palavra em situação dicionária: isolada, estanque no poço dela mesma,   e porque assim estanque, estancada;   e mais: porque assim estancada, muda e muda porque com nenhuma comunica, porque cortou-se a sintaxe desse rio,   o fio de água por que ele discorria. O curso de um rio, seu discurso-rio, chega raramente a se reatar de vez;   um rio precisa de muito fio de água para refazer o fio antigo que o fez. Salvo a grandiloqüência de uma cheia lhe impondo interina outra linguagem,   um rio precisa de muita água em fios para que todos os poços se enfrasem:   se reatando, de um para...

MARIZA- AS MENINAS DOS MEUS OLHOS

TAGUATINGA AGUARDA OBRAS.

Na semana passada foi anunciado que Taguatinga teria mais de 50 obras e  que "seria investidos R$ 17,2 milhões, sendo R$ 12,2 milhões de recursos da Secretaria de Obras e R$ 5 milhões da Administração de Taguatinga. As obras fazem parte do pacote de mais de 300 obras no DF." Bom, até agora não vi nenhuma dessas obras sendo iniciada. Aliás, a cidade está precisando não apenas de obras, mas de fiscalização de trânsito, fiscalização da AGEFIS(orgão de fiscalização do GDF) nos milhares de bares e quiosques que funcionam madrugada adentro importunando a vizinhança com a barulheira.