A PARTEIRA MÃE BERÉ Nunca se ouviu Beré dizer: “Quem pariu Mateus que o embalance”. Embalançaste quantos Mateus sem os ter parido algum? Com a porta entreaberta, o sorriso sem trinco, cantigas de rodas na calçada de crianças dos gerais e das caatingas; a orelha enfeitada com um simples brinco. Pra quem chega do sol de Barreiras sombra, água fresca de moringa e a saudação “seja bem-vindo”. A parteira espera no porto como quem espera um barco; espera de pé quem sentado está acomodado no amniótico saco; espera não quem bate à porta lá fora; espera quem de dentro quer vir para o mundo aqui de fora; quem quer respirar o ar de uma nova aurora. Espera (a parteira) quem bate à porta como o sol bate nas pálpebras; quem bate não com o murro que soca, quem bate dando chutes de dentro pra fora; quem se debate dentro do útero, às vezes único, ou em dupla, sêxtuplos, avisando que chegou a hora. A parteira espera sem pressa, espera sem fazer esforço; espera como quem espera a primavera apesar do ...